Baiano de Serrinha, o Apóstolo Renê Terra Nova é um homem simples que demonstra ter intimidade com Deus. Líder do MIR (Ministério Internacional da Restauração), ele tem sob sua autoridade cerca de seis milhões de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do Brasil nas Igrejas que adotaram a Visão Celular no Modelo dos 12. Inicialmente ligado ao G-12, liderado pelo colombiano César Castellanos, Terra Nova agora atua de forma independente e conta com 355 mil líderes nas Igrejas que estão sob a cobertura do MIR, fundado por ele. Em 10 anos, apesar dos ataques e oposições, foram muitas as histórias de crescimento e multiplicação de Igrejas. "A visão é uma reforma! Ela não é avivamento. Ela é reforma porque os avivamentos passam, as reformas ficam", analisa.
Acessível, ele nem de longe lembra o estereótipo do "pastor celebridade", que usa diáconos como seguranças e cria dificuldades para atender as pessoas e foge da imprensa. Planejado há algum tempo, o encontro de Terra Nova com a equipe de reportagem do Guia-me durante a estada do Apóstolo em São Paulo, onde participou do Congresso Internacional de Avivamento Total, na Assembléia de Deus do Bom Retiro, foi sugerido e facilitado pela equipe do MIR. Nessa entrevista exclusiva, o apóstolo fala sobre a Visão, unidade, ministério feminino, rebate críticas e diz como anda seu relacionamento com o Pastor Silas Malafaia
Guia-me: Qual é a importância de um evento como o Congresso Internacional de Avivamento Total para a edificação da Igreja?
Terra Nova: É um evento de unidade e uma proposta de consolidação de várias denominações. Os preletores são cada um de uma linha diferente e isso traz um benefício para o Corpo de Cristo, de entendimento, de relacionamentos que são extremamente importantes. Traz, também, uma mentalidade mais saudável para a Igreja, mostrando que nas nossas diferenças nos completamos. Quanto mais diferentes somos, mais completos estamos. A parede da separação caiu, isso é interessante, porque esse evento, há 10 anos, era impossível e depois de 10 anos nós conseguimos lograr esse êxito e hoje estamos estabelecidos com um novo tempo de conquista. Essa é a cultura de unidade que o próprio Rei Jesus propôs e está acontecendo. A unidade não é mais para ser conquistada, é para ser celebrada.
Guia-me: O Pastor Jabes Alencar tem como bandeira a unidade. Existiu alguma dificuldade para o senhor estar num mesmo congresso que antigos desafetos, como Silas Malafaia?
Terra Nova: Na verdade, nós estamos vivendo um tempo de maturidade e isso foi extremamente conquistado pela nossa postura. Nós não fizemos um contra-ataque. Nós mantivemos um silêncio enquanto as pessoas estavam falando daquilo que elas não conheciam. Com o tempo, a Visão foi conquistando o seu espaço, foi provando que era 100% de Deus na sua pureza. (...) Nós estamos vivendo um momento sadio, um momento muito consolidador. Na verdade, eu nunca tive dificuldade de me relacionar com ninguém, porque eu nunca falei nada, não tenho que pedir perdão para ninguém. Então, eu vim muito puro, muito limpo, e encontrar aqui pessoas que são extremamente relevantes dentro do cenário evangélico é salutar. É algo que a gente pode dizer assim: Deus está nesse negócio.
Guia-me: É uma vitória para a Igreja?
Terra Nova: É uma grande vitória. Aliás, eu até usei a seguinte frase numa época: "Jesus mais uma vez ganhou, porque o Reino de Deus não sabe perder". Tudo isso aconteceu até para que o caráter da Visão fosse fortalecido. Claro que as pessoas que estão aqui apoiando-nos como pessoa e como pregador, não estão na Visão. Deixo isso claro como a luz do dia: não estão na Visão e não são da Visão. Eu sou Visão 100%, isso declarado. Na verdade, a Visão me escolheu, eu não escolhi a Visão. É a própria ação de Deus para esse grande mover. Eu me tornei o patriarca da Visão no Brasil e a gente não pode abrir mão desse legado, dessa chamada; Deus me levantou para isso. Agora, estar com o Silas, o Jabes... A Igreja Assembléia de Deus de Manaus aceitou a Visão e caminha com a Visão. Caminha com células, caminha com Encontros, com todas as nuances que a Visão promove. Hoje compartilhar o púlpito com eles é deixar Deus usar a mim e a eles numa outra fase e ver que a maturidade chegou. Não podemos mais estar trabalhando contra, devemos, sim, nos preparar para não resistir o novo porque tem muita coisa nova chegando aí.
Guia-me: O que facilitou a aproximação de grupos tão distintos? Alguém mudou de idéia?
Terra Nova: Eu acho que todo mundo foi ampliado. Eu me preparei para ter esse encontro com saúde, sem precisar estar tocando em feridas do passado. Tivemos aquilo que a Bíblia chama de perdão e nos perdoamos. Foi um encontro maravilhoso que tivemos em Flórida e em outros lugares do Brasil onde nos encontramos. Não é a primeira vez que estamos juntos, esse já é o terceiro evento. Isso já foi consolidado. Inclusive, há falas editadas e publicadas de que, de fato, é gostoso caminhar com homens de Deus e isso é o que está contando agora. Somos homens de Deus e, pela proposta do mesmo Deus, queremos consolidar uma nação para Jesus.
Guia-me: Mudou alguma coisa no método e na pregação das Igrejas aliançadas a partir da criação do MIR, independente do G-12?
Terra Nova: Muita coisa. Na verdade, a Visão do Brasil não tem nada a ver com a Visão de Colômbia, nunca teve. Esse foi um dos pontos que o Pastor César Castellanos até sugeriu que a gente tomasse posições. Nós não somos G-12. Teve alguém que me perguntou: "Você deixou de ser G-12?". E eu disse: ‘não, agora eu sou Je-sus. Sempre fui Je-sus, há muito tempo’, e isso foi o que apregoamos no Brasil. Nós temos uma visão muito definida de Israel e Jerusalém. Nós temos a forma de caminhar com os 12 no discipulado muito mais intensa. Eu tenho discipulado semanal com os 12. Eu me reúno com os 12, com os pastores da Visão, em Manaus. Isso é rigoroso, essa minha agenda é inegociável. Então, meu perfil de discipulado é muito mais intenso do que a proposta do G-12. No G-12, os 12 trabalham numa linha muito definida deles, mas desde quando nós decidimos caminhar com o Modelo dos 12, o Modelo de Jesus, que isso veio trazer uma certa credibilidade e ampliou. Acho que isso também facilitou o entendimento da Igreja do Brasil de nos receber com mais velocidade.
Guia-me: Quem é o seu mentor?
Terra Nova: Eu tenho duas pessoas que hoje estão caminhando comigo. Uma de forma distante, de uma forma horizontal, que é o David Yonggi Cho, que estou com eles uma vez por ano, e a Embaixada de Jerusalém. É a quem eu me submeto, é quem eu deixo impor as mãos sobre mim, quem eu deixo profetizar sobre a minha vida, que é o Malcolm Hedding, que é uma pessoa muito madura, muito séria. Essas duas formas de trabalhar: com a visão de Jerusalém, recebendo essa unção, que é onde eu encontro descanso, eu encontro Palavra que me consolida, e David Yonggi Cho pela unção de multiplicação, porque ele é o patriarca do avivamento celular mundial que ainda está vivo, graças a Deus.
Guia-me: Como o senhor reage às críticas de que a Visão é judaizante?
Terra Nova: Considero como burrice teológica. Me desculpe, mas alguém dizer que a Visão é judaizante é uma ignorância teológica. Essa pessoa não sabe o que é judaísmo. O judaísmo nasceu depois do cativeiro babilônico e nem as festas judaicas que os judeus celebram são festas judaicas, são festas hebraicas. As pessoas não mergulharam nesse sentido porque a Igreja, ao ser cristianizada por Constantino, não teve o entendimento do que é a visão de Jerusalém. Então, a visão de Jerusalém é a visão que a Bíblia diz, que de Jerusalém saiu a Palavra e de Sião a lei para toda a terra. Nós sabemos que há um sinal em Jerusalém para as nações. Há um sinal em Jerusalém para toda a terra e vemos que as pessoas se ufanam, falam daquilo que não conhecem e chegam a fazer afirmações teológicas. Você tem que saber que uma pessoa que é teóloga não faz uma afirmação dessas, porque a própria academia teológica ajuda e promove a reflexão, a ciência do pensamento. A própria ciência do pensamento estimula o indivíduo a raciocinar de uma outra forma. Uma pessoa que é teóloga pode até discordar, mas ela respeita. As pessoas que discordam e que emitem crítica sem conhecimento, me desculpe, revelam obtusidade.
Guia-me: Embora seja um método eficaz, a Visão não apresentou resultados, em termos de crescimento, em algumas Igrejas. Algumas até mirraram depois da Visão. A que o senhor atribui isso?
Terra Nova: Ao líder. O líder é a chave. A proposta da Visão é de crescimento e de multiplicação. Cresce pelas células e multiplica-se pelos 12. Se o líder não conseguiu entender... Porque além de você ler a Visão, a Visão tem que ler você. A pessoa conseguiu ler a Visão, mas a Visão não leu a pessoa, não houve reciprocidade. Eu diria que está no líder. Eu desconheço o ministério que entrou seriamente na Visão e que não tenha crescido. O mínimo que aconteceu foi que o ministério cresceu. Eu posso dizer do meu testemunho pessoal. Eu era pastor batista, da Convenção Batista Brasileira, e eu não sofri um cisma, eu não tive uma perda pela inteligência transicional. Se alguma Igreja teve algum cisma e teve algum tipo de reação... (O motivo das perdas) foi a falta de habilidade na transição.
Guia-me: No início, as Igrejas aliançadas demonstravam muita resistência a participar de eventos, convidar pregadores e até de liberar seus jovens para terem relacionamentos com crentes de outras Igrejas. Isso mudou? Por quê?
Terra Nova: Eu desconheço essa forma de interpelar a Visão, que o púlpito não tem acesso para outras pessoas. É claro que nós éramos mais criteriosos e eu também ainda sou muito criterioso. O púlpito do MIR é um púlpito extremamente cobiçado porque quem não quer falar para milhares de milhares de milhares? Na verdade, é um púlpito solicitado, oferecido. Tem pessoas que se oferecem, que pedem para estar no púlpito da Visão, em Manaus. Mas em muitas Igrejas, até hoje eu tenho um pouco de resistência, porque tem muitos púlpitos vulneráveis ainda hoje dentro da Visão. Na questão dos jovens, eu não lembro de ter sido emitida uma ordem com qualquer tipo de conceito de que jovens da Visão não se relacionam com outros jovens. Pelo contrário, nós temos dois projetos, um chamado AJI, que é Aliança Juvenil Internacional, que o mentor desse projeto é o Apóstolo Maurício debaixo da minha bênção. E tem hoje o ANJU (Associação Nacional de Jovens em Unidade), que minha filha Larissa hoje está tocando esse projeto, para exatamente atingir Igrejas que não estão na Visão trazendo unidade com a AJI e juntos explodirem num grande avivamento. Inclusive, já pregou em vários países do Brasil e fora do Brasil, trazendo essa unidade, esse relacionamento de pastores e liderança juvenil para explodir a unidade dos jovens, porque os jovens são a alegria do arraial de Deus.
Guia-me: Uma das características da Visão é o incentivo ao ministério feminino. Qual é a importância do ministério feminino para a Visão?
Terra Nova: Na verdade, a Visão estimulou. O ministério feminino sempre esteve presente, desde os dias de Jesus. Mas na Igreja, a mulher, principalmente a esposa do pastor, era muito escondida, não ministrava, não pregava, não ensinava. E essa questão de trazer os grupos homogêneos, os homens liderarem homens e mulheres liderarem mulheres, e a própria questão da Visão Celular no Modelo dos 12, as mulheres levantarem os 12 e os homens levantarem os 12, desatou lideranças femininas poderosíssimas. Inclusive, hoje nós temos pastoras, bispas, apóstolas de avivamento. Algumas saíram com notoriedade. Pessoas que nunca esperávamos despontaram como liderança. Mulheres que estavam adormecidas na liderança explodiram, acordaram a liderança que tinha dentro delas. Eu acredito que a Visão contribuiu para acelerar aquilo que já existia. A Assembléia de Deus, por exemplo, tinha muitas mulheres em linha de frente como missionárias, e hoje pastoras são ungidas. Eu fiquei muito agradecido a Deus pela Cassiane, uma pessoa que penetra em vários auditórios, vários segmentos, ser a primeira mulher na Assembléia de Deus a ser ungida pastora. Isso é um leque de avivamento, uma quebra de paradigmas. Por outro lado, também, vai estimulando os pastores a raciocinarem que desde os dias de Sara até os dias de hoje, mulheres na Bíblia eram pastoras. Nisso, a Visão contribuiu bastante.
Guia-me: Como é o seu relacionamento atual com o Pr. Silas Malafaia?
Terra Nova: É muito superficial. Todo mundo pensa que a gente está de beijinhos e abraços por aí, mas isso não é verdade não. A gente ainda tem muita coisa para vencer. A gente se aceita, a gente se ama no Senhor, a gente não se agride, mas não é nada profundo, não. Ainda vai ser, ainda vai chegar lá. A gente ainda está vencendo muita coisa porque, apesar de a gente ter libertação, cura e vencer dificuldades de alma, a gente é gente. Tem muita coisa que ainda precisa ser acertada. É um processo, mas já avançamos muito. Eu diria que já fomos 30% dos 70% que faltam por aí.
Fonte: www.guiame.com.br